terça-feira, 13 de maio de 2014

Gênero Textual Fábula

Principais características:
* Animais protagonizando a história;
* Objetivo  é transmitir sabedoria;
* Moral da história - no final

História do gênero Fábula:
 Historicamente, a fábula tem origens um tanto quanto remotas. Cultuada em solo oriental, pertenceu aos assírios e babilônios. Entretanto, foi Esopo, um escravo grego que viveu no século VI a.C., que consagrou o gênero como tal. Ele, mediante suas invenções, criava histórias nas quais cada animal era categorizado de acordo com seu perfil. Por exemplo: o leão representava a força; a raposa representava a astúcia; a formiga caracterizava o trabalho (há uma famosa fábula cujo título é A cigarra e as formigas).

Esopo, utilizando-se do diálogo estabelecido entre os animais, tinha por objetivo transmitir sabedoria de caráter moral ao homem, gerando exemplos para este. Fato que podemos constatar sempre ao final de cada texto, uma vez dotado de um fundo moral.

Tais pormenores nos  levam a concluir que a fábula se caracteriza como um gênero narrativo popular que tem por finalidade discursiva retratar aspectos inerentes à conduta humana. Quanto às características que a faz pertencer ao gênero narrativo, atribui-se à existência de personagens, à ocorrência em um tempo e espaço, embora reduzidos, e finaliza-se com um ensinamento moral, levando o leitor a uma reflexão.




O galo que logrou a raposa

Um velho galo matreiro, percebendo a aproximação da raposa, empoleirou-se numa árvore. A raposa, desapontada, murmurou: “… Deixe estar, seu malandro, que já te curo!…” E em voz alta:
– Amigo, venho contar uma grande novidade: acabou-se a guerra entre os animais. Lobo e cordeiro, gavião e pinto, onça e veado, raposa e galinhas, todos os bichos andam agora aos beijos, como namorados. Desça desse poleiro e venha receber o meu abraço de paz e amor.
– Muito bem! – exclamou o galo. Não imagina como tal notícia me alegra! Que beleza vai ficar o mundo, limpo de guerras, crueldades e traições! Vou já descer para abraçar a amiga raposa, mas… como lá vêm vindo três cachorros, acho bom esperá-los, para que eles também tomem parte na confraternização.
Ao ouvir falar em cachorros Dona Raposa não quis saber de histórias, e tratou de por-se a fresco, dizendo:
– Infelizmente, amigo Có-ri-có-có, tenho pressa e não posso esperar pelos amigos cães. Fica para outra vez a festa, sim? Até logo.
E raspou-se.
Contra esperteza, esperteza e meia.
(Monteiro Lobato, do livro Fábulas e Histórias diversas)


 
O macaco e o gato
-Monteiro Lobato
-
Simão, o macaco, e Bichano, o gato, moram juntos na mesma casa. E pintam o sete. Um furta coisas, remexe gavetas, esconde tesourinhas, atormenta o papagaio; outra arranha os tapetes, esfiapa as almofadas e bebe o leite das crianças.
Mas, apesar de amigos e sócios, o macaco sabe agir com tal maromba que é quem sai ganhando sempre.
Foi assim no caso das castanhas.
A cozinheira pusera a assar nas brasas umas castanhas e fora à horta colher temperos.  Vendo a cozinha vazia, os dois malandros se aproximaram. Disse o macaco:
– Amigo Bichano, você que tem uma pata jeitosa, tire as castanhas do fogo.
O gato não se fez insistir e com muita arte começou a tirar as castanhas.
– Pronto, uma…
– Agora aquela lá… Isso. Agora aquela gorducha… Isso. E mais a da esquerda, que estalou…
O gato as tirava, mas quem as comia, gulosamente, piscando o olho, era o macaco…
De repente, eis que surge a cozinheira, furiosa, de vara na mão.
– Espere aí, diabada!…
Os dois gatunos sumiram-se aos pinotes.
– Boa peça, hem? — disse o macaco lá longe.
O gato suspirou:
– Para você, que comeu as castanhas. Para mim foi péssima, pois arrisquei o pelo e fiquei em jejum, sem saber que gosto tem uma castanha assada…
-
O bom-bocado não é para quem o faz, é para quem o come.
-
Em: Fábulas, Monteiro Lobato, São Paulo, Ed. Brasiliense:1966, 20ª edição, pp 97-98.


A CIGARRA E A FORMIGA


Num belo dia de inverno as formigas estavam tendo o maior trabalho para secar suas reservas de comida. Depois de uma chuvarada, os grãos tinham ficado molhados. De repente aparece uma cigarra:
- Por favor, formiguinhas, me dêem um pouco de comida!
As formigas pararam de trabalhar, coisa que era contra seus princípios, e perguntaram:
-Mas por que? O que você fez durante o verão? Por acaso não se lembrou de guardar comida para o inverno?

Falou a cigarra:
-Para falar a verdade, não tive tempo, Passei o verão todo cantando!
Falaram as formigas:
-Bom... Se você passou o verão todo cantando, que tal passar o inverno dançando? E voltaram para o trabalho dando risadas.

. Moral da história:
Os preguiçosos colhem o que merecem.




















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